sexta-feira, novembro 10, 2006

Esperança e o início da saturação


Depois do jogo contra o Varzim:

Ontem, quando voltávamos da Póvoa, fui tendo algumas conversas no autocarro. Conversas normais, nada relacionada com futebol, mas que podem permitir... e permitem mesmo um maior à vontade entre nós. O à vontade tem que ser renovado e foi isso que fiz quando falava com eles. Renovava os laços de amizade, de confiança para eles saberem que preocupo-me com eles. É importante, sem dúvida. Eles gostam de atenção e temos que saber dar a atenção na altura certa para depois termos a atenção deles na altura certa. Isto é um jogo... e é preciso saber sobreviver. Mas felizmente acho que sei, cada vez melhor, como lidar com eles. Isto ganha-se mesmo. Confesso que já tive dias em que achava que tínha perdido capacidades, mas afinal elas ainda cá estão. Só precisavam de ser estimuladas. Com dedicação, espírito de sacrifício, esforço, vontade, paixão, esperança, ambição, trabalho e sonho... muito sonho... as coisas vão acontecendo naturalmente.
"o sonho comanda a vida"... e ninguém me impede de sonhar... trabalhando! Porque é assim que eu acredito em mim.


... E depois da derrota seguinte contra o Boavista:

O jogo contra o Boavista espelhou duas realidades diferentes. Por um lado uma equipa evoluída tacticamente, isto para não falar do aspecto técnico. Por outro lado, a outra equipa, nós... que batalhámos, coreemos muito, mas não conseguimos fazer frente a um Boavista muito organizado e com melhores condições que nós. Um guarda-redes que é o dobro do nosso. Sem exagero. São os efeitos da selecção. Isto faz-me ter a certeza que realemte, o que interessa é o resultado. O que interessa para a maior parte das pessoas, mas não para mim. A mim ninguém muda o pensamento. Posso até deixar passar certas situações, mas estou ali a dizer presente e a tentar faezr qualquer coisa para mudar as coisas. Quantas não foram as vezes que já me apeteceu desistir. Quantas não foram as vezes que os meus colegas já me perguntaram se eu já saí do clube. Mas aí é que está a diferença entre mim e os outros. É que eu tento faezr tudo por aquilo em que acredito. E os sapos que vamos engolindo fazem-nos crescer. Custa engolir certas coisas, mas eu não estou em condições de discutir com o mundo todo. E só não percebe isso quem ainda não dá treinos. Como diz uma professora minha, "todo o burro come palha, é preciso é saber dar". E é isso que eu vou fazer. Vou dar a palha aos burrinhos que estão à minha volta e que acham que sabem tudo sobre treino de crianças e jovens. Vamos indo e vamos vendo, com muita paciência.
No próximo treino, vamos deixar o campo pelado e vamos fazer "treino de força"... com miúdos de doze anos. Esse é um sapo grande que tenho que engolir. Mas o director está sempre a dizer para eu ter calma e para ir engolindo os sapos que algum dia as coisas vão mudar... Só dá para ir vendo mesmo.

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