sexta-feira, março 21, 2008

Aspectos da formação


Há vários agentes que influenciam os jovens jogadores. Paulo Sousa refere-se a este aspecto dizendo, normalmente, os agentes com mais influência são os pais do jovem atleta, os dirigentes do clube onde é praticante, os professores da escola e, obviamente, os seus treinadores. O envolvimento no treino é importante. Assim como os pais não devem pretender dar receitas aos miúdos, os treinadores também não devem fazê-lo. O treinador deve ser encarado como alguém que está ali para ajudar na evolução dos jovens talentos. Considero ensinar um termo muito forte. Normalmente associa-se ensinar a debitar matéria. Como um talento tem qualidades e não capacidades fica difícil perceber qual o tipo de intervenção que o treinador deve ter. Mas primeiro, importa saber qual o entendimento que o treinador tem sobre os talentos. Serão indivíduos com qualidades ou capacidades? Por vezes consideram-se as qualidades capacidades e procura-se então explorar ao máximo essas capacidades, habitualmente de ordem fragmentada. O que parece importante é aproveitar as qualidades do talento, não perder os aspectos que desequilibram e potenciá-los.
Paulo Sousa refere ainda aspectos como a liberdade, responsabilidade e ainda a afectividade dos pais como forma dos miúdos se sentirem confiantes para continuarem as suas aventuras nos seus clubes, visto que por vezes os miúdos têm que sair das suas cidades para viver noutros locais. Foi o que aconteceu com Paulo Sousa, por exemplo, e é o que acontece com imensos miúdos hoje em dia que vão jogar para o Sporting, por exemplo.
Quando se refere à liberdade e à responsabilidade, acredito que Paulo Sousa toca numa questão central. É sabido que muitos possíveis talentos se perdem fora de campo, daí que seja importante perceber de facto o que se passa na cabeça dos miúdos e no ambiente que os rodeia. Por mais que tenham potencialidades especiais que os diferenciam dos demais, muitos se deslumbram com o enredo formado à sua volta. Em muitos casos tudo faz com que eles pensem que serão futuras estrelas. Tudo que já foi referido anteriormente, mas neste caso especialmente empresários e os próprios pais põe coisas nas cabeças dos miúdos. O que acontece é que os miúdos usam a liberdade que têm e não aprendem o que é ser responsável. Eu não tenho dúvidas que os grandes jogadores souberam associar à liberdade um elevado grau de responsabilidade.

quarta-feira, março 19, 2008

O problema não é o físico!

Eu olho para o Benfica e não vejo que o problema seja o físico. Não pretendo com isto dizer que um jogador não tem que ser capaz de percorrer uma determinada distância para chegar à bola, por exemplo. Mas isso vem por arrasto de outras coisas que são mais importantes e que permitem que o lado físico surja de forma natural e específica para um determinado tipo de jogar que se pretende. Não sei como é que o Benfica tem treinado, mas sei o que vejo nos jogos e acho que não será nenhuma barbaridade afirmar que o Benfica não treina comportamentos, interacções! Porque se treinasse, essas rotinas seríam evidentes nos jogos, o que não acontece. O maior problema do Benfica não é não ser capaz de correr o mesmo que os adversários. O maior problema do Benfica é não ter um fio de jogo, é de não ter princípios. Refiro-me também aos princípios de jogo, mas primeiro faltarão, na minha opinião, outros princípios: princípios orientadores do clube. Onde estamos? Para onde vamos? Que tipo de jogo é que pretendemos para a nossa equipa de futebol? Que jogadores é que pretendemos? Quais os perfis de treinador mais adequados para treinar um clube como o Benfica? Há uma lógica comum no clube? Todos puxam para o mesmo lado?

Mas o problema actual (diz-se) que é o físico e que o Benfica vai aproveitar esta pausa para repôr os níveis físicos. Será? Que tipo de treino é que se fará nestes dias? Não sería mais interessantes treinar comportamentos? Porque no fundo é isso que pretendemos que se veja quando a nossa equipa joga. "Eu treino o que quero que a minha equipa jogue". E numa equipa de futebol, um jogador deve saber o que é que o colega fez para responder de determinada forma. Não é através do treino dito físico que se resolvem as coisas. O físico é sempre um escape quando as coisas correm mal, mas o engraçado é que as coisas não melhoram, e ninguém percebe porquê... as pessoas insistem em não perceber porquê! Arrisco mesmo a dizer que o Benfica não vai conseguir cumprir nenhum dos dois objectivos que tem para esta época. Nem 2º lugar no Campeonato, nem Taça de Portugal. Mas veremos no fim da época se o treino físico numa paragem de campeonato de 15 dias resultou.

Prioridade ao físico (?)


Prioridade ao físico
PEDRO RIBEIRO


"Numa altura em que a época entra na sua fase decisiva, a equipa técnica liderada por Fernando Chalana está a envidar esforços no sentido de os jogadores apresentarem os melhores índices físicos para o que resta do Campeonato e, também, da Taça de Portugal.
Ontem, isso foi evidente durante o treino, com a primeira parte da sessão a ter o físico como tema central dos primeiros exercícios, ainda que os mesmos tenham sido realizados na companhia da bola.
As preocupações com o físico têm sido evidentes por parte de todos quantos estão ligados ao Benfica, e esse foi um dos sectores "reforçados" durante a recente remodelação da estrutura técnica, passando a haver dois especialistas na área: o fisiologista Bruno Mendes assumiu o cargo de preparador-físico, sendo coadjuvado por João Tralhão (promovido da formação). Alterações realizadas aquando da saída de José António Camacho e às quais não será alheia, certamente, a quebra entretanto registada pela equipa, e reconhecida pelos próprios atletas, conforme expressou Nuno Gomes, após o segundo embate com o Getafe. "Há que admitir que, fisicamente, não estamos tão bem quanto desejávamos, e isso não é só devido às lesões", declarou, na altura, o capitão.
A actual paragem competitiva de 15 dias permitirá que o objectivo de melhorar o físico seja alcançado a tempo de serem atingidos os objectivos traçados: segurar o segundo lugar e vencer a Taça de Portugal.


Quatro preparadores ao longo desta época
As mudanças técnicas operados no Benfica ao longo desta temporada têm tido, obrigatoriamente, consequências na preparação física dos atletas.
Os encarnados iniciaram a pré-época com Fernando Santos a liderar uma equipa técnica que tinha em Bruno Moura o responsável pelo "cabedal" dos atletas. Quando saiu, logo no rescaldo da primeira jornada (após empate com o Leixões), Fernando Santos levou consigo o filho de Rodolfo Moura para o PAOK de Salónica.
José António Camacho assinou pelo Benfica em Agosto e recuperou a equipa técnica com quem já tinha trabalhado na primeira passagem pela Luz. Nesse sentido, Fernando Gaspar voltou a assumir a preparação física dos jogadores encarnados, deixando o cargo na semana passada.
Promover Bruno Mendes e João Tralhão foi a solução encontrada pelos encarnados, assumindo ambos a preparação física do plantel até final da época."


em jornal OJOGO, 19-03-2008