domingo, abril 29, 2007

Boavista 2 - 1 Porto


Quando vi os jogadores que pisaram a relva durante o aquecimento, pensei que o Porto fosse jogar em 1-4-4-2 losango, mesmo não me lembrando de ter visto Quaresma a jogar na posição 10. Mas isso sería possível na medida em que estavam presentes Adriano, Hélder Postiga, Jorginho e Quaresma. Se jogassem com losango no meio campo talvez jogassem Lucho e Jorginho a interiores, Meireles a pivô e Quaresma mais à frente. Pensei que o Porto se desdobraría num 1-4-3-3 para atacar, mas não foi isso que aconteceu. O Porto jogou num 1-4-3-3 em que Quaresma era o único ala e começou a jogar do lado esquerdo. Postiga e Adriano eram os dois avançados. Era um 1-4-3-3 sem uma geometria simétrica.
O Boavista apresentou-se num 1-4-3-3 em que os dois alas baixavam sempre no campo quando a equipa não tínha a posse de bola, ficando então cinco jogadores no meio campo. Os três jogadores do meio campo dispunham-se num triângulo que variava conforme a atitude da equipa. Se a equipa do Boavista estava sem a posse de bola jogava com dois jogadores atrás de um que ficava mais adiantado. Quando a equipa mudava de atitude o triângulo invertía-se. De resto, no meio campo do Porto acontecía o mesmo, mas o Porto passou muito mais tempo com Raul Meireles atrás de Lucho e Jorginho.
O Porto revelou pouca dinâmica na elaboração do seu jogo e a equipa do Boavista estava mais tranquila e concentrada. O Porto falhava muitos passes, fundamentalmente por parte de Postiga que nunca entrou no jogo.
Quaresma procurou no lado direito aquilo que não encontrou no lado esquerdo, nem durante o jogo todo: desequilibrar. Foram várias as vezes que agiu livremente, comprometendo a equipa.
Apesar da equipa do Boavista parecer mais serena e organizada, nenhuma equipa dominava o jogo. Mas o Boavista marcou após a marcação do primeiro canto do jogo, no qual fiquei com a clara sensação que o Porto marcava há zona. Mas depois apercebi-me que não eram todos os jogadores que defendíam à zona. Os dois centrais do Porto marcavam individualmente. Mas no primeiro canto houve desconcentração total e Ricardo Silva saltou sozinho marcando de cabeça o primeiro golo.
Nos cantos e livres em zona lateral, perto da área do Porto, Bosingwa colocava-se ao primeiro poste, Postiga entre o primeiro poste e o meio da baliza ( talvez para Hélton sair dos postes sabendo que tem mais protecção ) e Cech ao segundo poste. Penso que nestes lances pode falar-se em defesa mista por parte dos jogadores do Porto.
Nos pontapés de baliza marcados pelo guarda-redes do Boavista, Kaz adiantava-se no campo ficando entre o ala esquerdo e o avançado de modo a que houvesse uma disputa igual pela posse de bola. Terá subido Kaz e não Cissé ou Tiago, porque Kaz é mais alto e tínha mais hipóteses de ganhar os lances que disputava e também é conhecida a sua capacidade de antecipação a um lance.
Durante a primeira parte ía pensando que Postiga tínha que sair e talvez pudessem entrar Anderson ou Lisandro já ao intervalo para procurar uma nova dinâmica, uma vez que o Porto não estava a ter um jogo estável. Colocar outro ala em camo podería ser importante.
A partir do momento que o Porto começou a perder passou a recorrer muito às subidas dos laterais, mas nunca houve grande objectividade por parte dos portadores da bola, ou os cruzamentos saíam demasiado longos, como aconteceu algumas vezes com Bosingwa.
Fiquei com a ideia que os laterais do Boavista fechavam no meio quando o Porto atacava. Isto porque o Porto jogava com dois avançados e era perigoso ficar numa situação de dois para dois. Sendo assim, eram os alas do Boavista que pressionavam os portadores da bola que se encontravam perto da linha . Quando a bola estava dum lado, o ala do Boavista que estava do lado oposto preocupava-se muito com o homem que estava na linha e não tanto com o espaço entre ele e o lateral. Se o jogador do Porto abrisse ficava muito espaço entre o ala e o lateral/central do Boavista. Talvez fosse interessante explorar esse aspecto na segunda parte.

Anderson entrou no início da segunda parte, mas a dinâmica continuava a ser reduzida. Anderson não entrou para jogar numa ala, mas sim para deambular pelo campo à procura do melhor sítio para jogar. Esteve muitas vezes no meio a organizar o jogo da equipa. E com Porto balanceado no ataque, o Boavista fez o segundo golo numa transição rápida, por Zé Manel. Os jogadores do Porto começavam a cair muito em individualismos, o que não beneficiava em nada o colectivo. Bosingwa, Adriano e Quaresma perderam muitas bolas à custa de tentativas de resolverem as situaçãoes individualmente.
Lisandro entrou no decorrer da segunda parte para o lugar de Jorginho, mas a sua entrada, bem como a entrada de Anderson fez com que o centro do campo ficasse hiper-povoado e muito confuso. Só Anderson é que conseguía fazer alguma coisa diferente... Sempre de cabeça levantada e à procura do espaço vazio para colocar a bola, mas raramente aparecía alguém a compreender o raciocínio rápido de Anderson.
O Porto beneficiou de um penalti e da expulsão do guarda-redes do Boavista. Conseguiu assim reduzir a vantagem do Boavista sem estar a fazer grande coisa.
Após o golo do Porto Entrou Rentería para o lugar de Cech. O Porto passava a jogar com três defesas, mas a filosofia era semelhante à que se tínha no início de jogo, isto porque Rau Meireles recuava, volta e meia, para ajudar na circulação de bola. Mais perto do fim Bruno Alves já estava a jogar a avançado procurando ganhar as bolas que eram bombeadas para perto da área do Boavista. Isto porque o Porto perdía e agora jogava contra dez. Jesualdo tínha que arriscar.
O Boavista refrescou o lado esquerdo do ataque com a entrada de Marquinho e no fim do jogo trocou Cissé por Essame. Nenhuma alteração estrutural.
Nos últimos minutos a pressão do Porto era maior e as oportunidades de golo surgiram, mas sempre com muita confusão à mistura.
A prova de que o importante não é ter muitas cartas mas sim saber como jogá-las é que o Porto acabou por não conseguir marcar. Perdeu por 2-1.

Constituição das equipas:

Porto- Hélton, Bosingwa, Bruno Alves, Ricardo Costa, Cech, Raul Meireles, Lucho, Jorginho, Quaresma, Adriano, Postiga
Boavista- Peter Jehle, Lucas, Ricardo Silva, Hélder Rosário, Cissé, Tiago, Kaz, Zé Manel, Grzelak, Linz

sexta-feira, abril 27, 2007

Recuperar o Futebol de rua


Apesar da importância que o Futebol de rua tem, ele tem vindo a desaparecer. Isso é uma evidência do que se passa nas sociedades actuais. As preocupações são outras. Repare-se no que Pélé disse quando questionado sobre o que é que ele tínha mais que os outros foras de série para ser ainda mais fora de série. “Tive mais sorte que os outros. A minha rua tínha mais buracos”.

Para reflectir...

Frases


De um líder sem princípios derivam soldados sem convicções e uma indignação generalizada que cria um ambiente irrespirável” ( Valdano )

Esta frase alude à coerência que é fundamental que se tenha numa equipa de Futebol. Uma coerência que mostre aos jogadores que podem contar com o Treinador, uma coerência recheada de regras e rotinas que façam com que os jogadores percebam onde e quando têem liberdade para agir, não se esquecendo nunca dos limites que não devem ultrapassar.

quarta-feira, abril 25, 2007

FADEUP 1 - 2 AVEIRO... Adeus nacional!

Ontem foi o adeus da nossa equipa ao campeonato nacional universitário. Quando jogamos já não tínhamos hipóteses de apuramento para a próxima fase, mas a motivação era grande. Mas o nosso erro: quisemos fazer as coisas rápido demais. Entramos bem, criamos hipóteses para marcar, mandamos bolas ao poste, mas perdemos. Sofremos dois golos em contra-ataque. Mas foi um jogo com muito desportivismo. Gostei de estar presente num jogo assim. Respeito de parte a parte foi a receita para que as coisas corressem bem dentro do campo e para que a arbitragem fosse super normal. Nada comparado com o que acontecera nos jogos anteriores. Talvez para o ano tenha que haver uma preocupação maior com as arbitragens. Não me parece correcto que uma equipa de arbitragem almoce com elementos de uma das equipas do torneio... e pior, que depois favoreça essa equipa de forma descarada, mas isso são contas de outro campeonato. A corrupção acontece mesmo a todos os níveis.
Ontem perdemos bem, apesar de termos feito de tudo para não perder, mas a equipa contra quem jogamos estava ao nosso nível e foi melhor que nós porque aproveitou duas das quatro ou cinco oportunidades de golo que teve. Sem contestação.

Penso que todos os elementos da nossa equipa deveríam ter jogado, uma vez que todos abdicaram de ir às aulas para estarem em Braga durante dois dias. E isso ganha ainda mais força pelo facto de já não termos hipóteses de qualificação após sabermos o resultado do jogo anterior. Mas enfim... é só a minha opinião e nada mais que isso. Um dia será mais que a minha opinião, mas para já não.

Para a organização: se o objectivo é a prática saudável de Desporto e de certa forma um bom convívio entre as Universidades do país, estes dois dias foram um fracasso. Mas se o objectivo for outro, talvez tenham tido alguns ganhos...

segunda-feira, abril 23, 2007

FADEUP 0 - 1 ISEP


Depois de termos ganho o campeonato universitário da zona do Porto, veio o nacional. Começou hoje, e justamente com uma derrota contra uma equipa do Porto. A equipa que representa ISEP ganhou-nos por 1-0. Golo de livre directo, muito bem marcado. Grande golo sem dúvida. A bola entrou mesmo no buraco da agulha e foi um bom momento de Futebol. Mas não era aquilo que nos interessava e como sempre fazemos, corremos atrás do prejuízo, contudo, sem êxito. Tivemos algumas boas oportunidades para marcar. Tivemos mesmo um penalty que não aproveitamos. Fomos melhores durante todo o jogo e desde cedo ficou visível o tipo de jogo da equipa adversária, fundamentalmente depois de se apanharem em vantagem: "A bola chega aqui à defesa e é pontapé pra frente. Não facilita!".

Tentámos fazer o nosso Futebol, com a bola no chão, mas a verdade é que muitas vezes abusámos do Futebol directo procurando a referência no ataque, mas era complicado. Os nossos lances mais perigosos surgiram de boas combinações do lateral com o ala, ou do interior com o ala ou com o lateral por exemplo... Ou seja, quando jogámos mais apoiado causámos mais perigo! Espero que amanhã façamos o mesmo... mais vezes, porque é assim que treinamos. É isso que trabalhamos nas poucas horas que estamos juntos durante a semana. É isso que temos que fazer nos jogos... sempre! Jogar conforme treinamos... e nunca complicar! Porque não somos estrelas. Então, se é melhor marcar ao pé da baliza é melhor do que tentar marcar golos fenomenais. Porque se nos preocupamos em marcar golos de bandeira, não estamos preocupados essencialmente em marcar, mas sim em fazer bonito. E não é isso que interessa.



Uma palavra para o ISEP: jogaram o seu jogo, ganharam e a uma equipa que se ganha não se pode dizer que ganhou por isto ou por aquilo. Mas... um pouco de desportivismo, por favor.

O "fair-play" é uma utopia!


Tenho andado a pensar neste tema há algumas semanas e apenas hoje sinto aquela motivação incessante de me tentar expressar sobre o badalado fair-play. O que é fair-play em português? Penso que desportivismo seja a melhor palavra para descrever essa expressão em inglês.

Bem, hoje em dia o que se passa é que se usa o desportivismo dos outros como arma de falta de desportivismo. Hoje em dia, as equipas que ganham pela margem mínima e que sabem que não podem ir além daquele resultado, que aquele resultado é de certa forma inesperado, fazem de tudo para perder tempo de jogo. Isso acontece mais nos países latinos. Digo isto, porque não me lembro de ter visto algo desse género em Inglaterra por exemplo.
Desportivismo não é estar sempre a mandar a bola para fora quando o adversário está no chão. E isso ganha mais importância nos dias de hoje, porque os adversários que existem neste tempo moderno são adversários mentirosos. A farsa comanda os seus estilos de jogo quando se apanham em vantagem. Tudo é motivo para ficar estendido na relva a pedir que o árbitro pare o jogo. E o árbitro pára... na maior parte das vezes é o que acontece logo na hora. Quando não é na hora é um tempinho depois, porque jogador mentiroso que se preze fica no chão até ao árbitro decidir parar o jogo e reiniciar o jogo com bola ao solo. O árbitro é o maior companheiro deste tipo de jogadores e o maior adversário das equipas vítimas deste tipo de situações. O pior é que todas as equipas usam destas armas, umas de forma mais ostensiva que outras. Mas e depois? É suposto eu ficar calado e não manifestar a minha opinião? Não! O que tem que mudar é o comportamento, a atitude.
Gostava de salientar que não há nenhuma regra no Futebol que indique que a bola tenha que ser colocada fora porque um jogador adversário está no chão a queixar-se de dores. Tem que haver sim desportivismo. Concordo plenamente. Não é isso que está em causa... Mas sim o aproveitamento que se tem tirado desta moda do fair-play. É ridículo. Concordo com o Jorge Jesus: "O fair-play é uma treta!". O desportivismo não o é! E não se esgota em colocar a bola fora de campo quando a integridade física de um colega de profissão é, verdadeiramente, posta em causa. Desportivismo é saber estar no Desporto, é respeitar aqueles que se batem connosco, é saber ganhar e saber perder. Agora, é óbvio que nunca manifestaría um esboço de cinismo ao cumprimentar jogadores que se comportam de forma falsa. Não cumprimento, porque o Desporto para mim merece melhor! E eu não pretendo alimentar falsidades!

segunda-feira, abril 16, 2007

Histórico sem identidade permanente


Todas as épocas parece estar em crise, desde a era galáctica que se diz ter acabado ou estar perto do fim. E essa crise é muito fruto da falta de paciência. Há todo um apoio no grande nome que é Real Madrid, mas nada mais que isso. Contratam-se jovens promissores para aguentarem com a pressão que é viver e jogar permanentemente em pressão, achando que eles vão dar conta do recado. Se um treinador não corresponde às expectativas num curto período de tempo é mandado embora, pensando-se que o problema está no treinador. Todos os anos algo muda. Perde-se identidade clubística se assim se pode chamar. Há uma má gestão. E por trás do treinador? Não haverá toda uma estrutura que de certa forma, “mine” o trabalho do treinador? A forma de pensar no clube, a tal impaciência... Isso não colocará pressão também no treinador? Creio que sim. Quando a estrutura por trás do treinador não consegue resolver os seus problemas a solução é mandar o treinador embora e a solução para outro clube é contratar o treinador que foi despedido. Entra-se assim num ciclo vicioso onde o treinador é o maior culpado pelos maus resultados. Será mesmo assim? Creio que não.

quarta-feira, abril 11, 2007

Eles levam Portugal ao Top


Mourinho e Ronaldo, destaques Portugueses desta Terça-feira de Champions. Mourinho pela estratégia que montou para o jogo contra o Valência. Nunca o Chelsea perdeu identidade. Sofreu um golo, mas jogou sempre na mesma lógica durante o jogo, embora sentisse que o Chelsea precisasse de corrigir algo para levar de vencida a equipa espanhola. Pela tv, vi Mourinho sentado a maior parte das vezes. Os jogadores sabíam o que tínham que fazer, mas a imprevisibilidade do jogo acabou por ditar um momento grande de Essien e assim o Chelsea festeja o apuramento. Mourinho trocou a pior peça do Chelsea ao intervalo (Diarra) e colocando Joe Cole em campo. Essien passou para defesa direito. Assim já não havía muito mais a fazer. Era uma questão de tempo e a segunda parte foi do Chelsea. O Valência não matou o jogo quando o devería ter feito... naquela fase frenética da primeira parte. O Chelsea corrigiu e mostrou que está ali... para dar e vender. E é assim, estamos em Abril e Mourinho já ganhou a Taça da Liga e ainda pode ganhar a Taça de Inglaterra, o Campeonato e a Liga dos Campeões. É obra, tendo em conta todas as contrariedades que Mourinho teve ao longo desta época...

Ronaldo... ele acrescenta algo ao Manchester United. Sem a sua influência, talvez o Man Utd não ganhasse por 7-1 à Roma. É de facto, para mim, o melhor do Mundo neste momento. Procura sempre fazer o mesmo desde o primeiro ao último minuto. Aproveita a velocidade que tem, mas isso não é o mais importante. O mais importante é a forma eficaz como ele aproveita a velocidade que tem. Não tenho palavras para descrever a qualidade que Ronaldo tem, nem o que sinto quando o vejo tocar na bola... É de outro mundo! Portugal tem muito a ganhar com este menino que tem todo o mundo aos seus pés.

Claques (des)organizadas? Não, obrigado!


Hoje no jornal a bola, mais uma crónica de Miguel Sousa Tavares. Escreveu uma coisa que subscrevo inteiramente: "Toda a gente de bom-senso já percebeu que livrar o futebol das claques é, a prazo, uma questão de sobrevivência do próprio espectáculo". As claques buscam um espectáculo diferente do Futebol. Buscam protagonismo... claques organizadas? Não! Essas não existem. O que existe é um aglomerado de pessoas que se dizem organizadas mas cujo único objectivo não é apoiar a equipa, mas sim criar instabilidade no estádio. O exemplo dos Super Dragões na Luz é só um exemplo porque há outros... de todas as claques. Posso mencionar comportamentos menos correctos da Juve Leo, dos Diabos Vermelhos e dos No Name Boys. Ainda esta há dias um repórter romeno foi agredido por "adeptos" de Futebol, se é que assim se podem chamar. Esses "adeptos" pertencem a grupos que têm que ser banidos do Futebol. Até podem existir no futebol, mas não no Futebol. No caso do repórter romeno até pergunto, onde é que está a educação das pessoas? A violência não é o caminho para nada.

Querem claques? Então viajem até aos EUA e vejam o que as cheerleaders fazem. Talvez não fosse preciso estar no estádio com pompons aos saltos e a fazer acrobacias, mas talvez se retire algo de positivo daquela forma de apoiar a equipa. Não generalizo dizendo que não há violência aqui ou ali, que não há comportamentos fora de contexto aqui ou ali, mas de facto, há sítios onde se podem buscar bons exemplos.

O que é bonito no Futebol é a união de diferentes culturas, a partilha de experiências entre pessoas que habitam em diferentes locais, momentos de amizade, de algria, de paixão, de suspense, de êxtase, de fantasia, de sonho e de muitas outras coisas. O Futebol, um jogo tão simples, proporciona tudo isso!

domingo, abril 01, 2007

Petardos


Após o jogo entre Porto e Sporting no Dragão, Miguel Sousa Tavares escreveu num dos pedacinhos da sua crónica no Jornal A Bola que o comportamento do Porto, quer referindo-se aos adeptos, quer a dirigentes ou jogadores, tínha sido exemplar. No dia seguinte li uma notícia que dizía que Porto e Sporting tínham sido multados devido a comportamentos menos próprios dos seus adeptos.

E no jogo da Luz? Quantos petardos foram lançados mesmo? E por quem? O comportamento dos adeptos não terá sido tão exemplar assim... pelo menos no jogo contra o Benfica... não?

O melhor em campo


Para mim, foi Pepe o melhor em campo. De facto um exemplo de jogador. Bolas de trajectória aérea, trajectória rasteira, bolas paradas... era tudo seu! Muita presença no jogo do Porto. Até foi ele que marcou o golo do Porto. Mostrou grandes pormenores que apenas se confinam ao plano do detalhe, mas deliciosos de se ver.

Outras figuras do jogo, do meu ponto de vista foram Hélton ( pelas boas defesas que fez e pela segurança que transmitiu à equipa, fundamentalmente aquela em resposta ao remate de cabeça de Mantorras ), Quim ( pela forma como tirou o golo que tirou a Adriano na primeira parte ), Karagounis ( sempre dos que mais quis fazer essencialmente na primeira parte para mudar o rumo dos acontecimentos ), David Luiz ( muito confiante... muito melhor que Anderson ) e Rui Costa ( foi ele quem ofereceu uma nova dinâmica ao Benfica ).

Menos bem Jesualdo...


É certo que o Porto foi mais organizado na primeira parte, mas não foi avassalador, sendo o Benfica passivo. É certo também que o Benfica foi dominador na segunda parte, sendo avassalador, e que o Porto não foi passivo.
A justificação do Treinador do Porto não me pareceu a mais correcta por parte de um Treinador que saiba aceitar o resultado. Jesualdo referiu problemas de ordem física por parte de Raul Meireles e Paulo Assunção. Ainda referiu que Jorginho não joga regularmente. A minha opinião é muito simples, se não estão aptos não jogam. Se os coloca a jogar é porque crê que eles podem render, ou então porque não tem soluções no plantel. Mas colocando-os em campo não há que criar justificações para o resultado ser o empate.
Acho que acabou um resultado justo, mesmo que o Benfica tenha tido maior domínio na segunda parte que o Porto teve na primeira, mas acabou por ser justo.

A queixar-se de fadiga física ou mental, devería pensar por exemplo em Quaresma que jogou pela selecção nos dois jogos de qualificação para o Euro 2008, assim como Nuno Gomes e Petit.

Benfica - Porto: o que eu vi


As equipas partiram para o jogo como o mesmo sistema táctico, o 1-4-4-2 com os jogadores do meio-campo dispostos em losango. No Benfica jogaram: Quim, Nélson, Léo, Anderson, David Luiz, Petit, Katsouranis, Karagounis, Simão, Nuno Gomes e Miccoli. Quanto ao Porto: Hélton, Bosingwa, Fucile, Bruno Alves, Pepe, Paulo Assunção, Lucho, Raul Meireles, Jorginho, Quaresma e Adriano.

O Benfica jogou de forma diferente em relação aos outros jogos que tem vindo a efectuar. Deu espaço para o Porto circular a bola, não pressionando alto. Pressionou sempre em bloco no seu meio-campo defensivo. Houve momentos pontuais em que Nuno Gomes ou Miccoli pressionaram os defesas do Porto, mas isso não era regra da equipa.
O Porto entrou bem, teve a bola nos pés e quando não a tínha na sua posse fazía o que o Benfica não fazía: pressionava. Quando pressionava o Porto preocupava-se em pressionar os dois homens das faixas laterais Nélson e Léo, uma vez que se sabe que estes dois jogadores têm uma grande apetência para subir no terreno quando a equipa recupera a bola. Quaresma bloqueava a subida de Nélson enquanto Lucho fechava Léo. Mas a verdade é que uma vez ou outra Nélson e Léo lá subíam no terreno.

Pela minha cabeça surgiram algumas perguntas no decorrer da primeira parte, será que o Benfica está a ser dominado?, será que a entrega da posse de bola ao adversário não foi premeditada para aproveitar as transições rápidas?. Mas cedo percebi que a posse de bola não era consentida, uma vez que a maneira que o Benfica procurava sair para o ataque era muitas das vezes precipitada com passes longos ( longos demais ), procurando essencialmente a velocidade de desmarcação de Miccoli. O Benfica não teve sucesso, o que me levou a pensar que o Porto estava de facto a controlar a primeira parte, mesmo que circulasse a bola de forma meio tímida e lenta. A verdade é que progredía no campo e conseguía causar algumas dificuldades ao Benfica.

O Porto esteve bastante organizado na primeira parte e marcou de bola parada. Falta de Katsouranis, livre, erro de marcação de Anderson que se sentiu intimidado pelo aviso do árbitro, e golo de Pepe ( 41 minutos ). Antes disso o Porto tínha tido uma boa oportunidade por Adriano, mas Quim antecipou-se com grande qualidade. O lance mais perigoso do Benfica em toda a primeira parte foi num livre aos 38 minutos marcado por Petit. Muito pouco para quem precisava de ganhar o jogo.

Na segunda parte o Benfica entrou claramente melhor. Entrou com uma atitude claramente diferente e já com Rui Costa em campo que mexeu com o jogo... e de que maneira! Rui Costa trouxe uma maior dinâmica ao jogo do Benfica, quer com os seus passes em largura, quer em profundidade. Era agora o Benfica que asfixiava o Porto e colocava agora muitos jogadores na zona de finalização. Mas foi apenas nos últimos 15 minutos que as grandes oportunidades e o golo do empate surgiram. Derlei, Mantorras, Miccoli e Rui Costa tiveram oportunidades para marcar. Rentería, Lucho e até Anderson que entrou perto do fim também tiveram oportunidades para fazer golo para o Porto, mas o domínio do Benfica foi muito maior. O Benfica conseguiu desorganizar a estrutura do Porto e talvez tenha sido por isso que Jesualdo colocou Rentería para tentar travar o endiabrado Léo, ainda antes do Porto sofrer o golo do empate, uma infelicidade de Lucho que premiou a insistência do Benfica. Hélton apresentou-se em bom plano ao evitar alguns golos.