Na final reparei em alguns detalhes enquanto via o jogo e ouvia alguns comentários. Reparei em Pennant e lembrei-me do Pennant que vi a jogar no Birmingham e há diferenças significativas entre os dois. O Pennant actual é um jogador quanto a mim tacticamente evoluído que aprendeu a usar a sua criatividade de forma contextualizada à forma como Beñitez pretende que o Liverpool jogue. Não se agarra à bola como agarrava antes, sabe passar na altura certa, muda rapidamente de atitude assim que perde a bola ( algo impensável naquele Pennant antigo ) e cumpre os seus objectivos quando a equipa perde a posse de bola, mantendo a equipa em equilíbrio e impedindo a subida do lateral da equipa adversária. Não me refiro especificamente ao jogo de ontem, mas sim aos jogos que tenho vindo a ver do Liverpool.
Outro jogador do Liverpool que mostrou ( mais uma vez! ) belos pormenores foi Xabi Alonso. Fantástico! Pequenos grandes detalhes que me deliciam...
Quando o Milan marcou falou-se imediatamente em cinismo italiano. Não vi cinismo nenhum. Quer se fale em sentido no sentido figurado ou não. Vi sim, uma equipa que marcou a um minuto do intervalo com um golo de livre marcado por Pirlo que bateu em Inzaghi e enganou Reina: a mais pura imprevisibilidade do Futebol presente em mais uma Final, neste caso uma final Europeia.
Falou-se também em Káká... ouvi: "Káká bastante desinspirado". Acho que após ter feito aquele passe para o segundo golo do Milan nunca se podería considerar um Káká desinspirado. Muitas pessoas cairíam a tentar fazer um passe "tão simples" como aquele. O que penso que se pode dizer é que não teve um jogo de top, como teve contra o Manchester em Old Trafford, por exemplo, mas abrilhantou a final com aquele coelho que tirou da cartola e entregou nas mãos de Inzaghi, a figura da noite. Inzaghi que é o verdadeiro exemplo típico de um avançado centro, uma espécie de modelo. Usa a sua inteligência para se antecipar aos movimentos dos adversários para ficar cara a cara com os guarda-redes, fugindo sempre do fora-de-jogo. E depois, marca! Não tem muito cabedal, mas marca golos que se farta. Ironia?
Penso que a experiência dos jogadores do Milan, mas acima de tudo a concentração e a vontade de ganhar esta final, foram determinantes para que, efectivamente, o Milan vencesse pela sétima vez a Champions, jogando um Futebol muito certo e inteligente. É verdade que o primeiro golo apareceu um pouco contra a corrente do jogo, mas o Futebol é mesmo assim: imprevisível.
O Liverpool tentou algumas vezes por Riise e Gerrard, sendo que uma oportunidade foi flagrante de golo, mas o pé esquerdo do capitão do Liverpool não quis nada com a bola e acabou por sair um passe para Dida. É óbvio que é fácil eu dizer que ele devería ter chutado com o pé esquerdo, mas de facto, de acordo com a minha forma de pensar, penso que sim, que era o que ele devería fazer. Só porque penso que se deve estimular sempre os jovens jogadores a terem o maior contacto com a bola em todas as partes do corpo e isso implica chutar, passar, cruzar, fazer tudo com os dois pés... para quando aparecerem situações como a que apareceu a Gerrard seja concluída com êxito. Mas também é verdade que se a bola entrasse não estaría aqui a escrever que ele devería ter chutado com o pé esquerdo. Apenas penso que ele tería mais possibilidades de marcar, só isso!
De valorizar ainda duas coisas: a atitude dos adeptos do Liverpool que não param nunca de apoiar a equipa, mesmo que a equipa perca; e o desportivismo no momento da entrega das medalhas e da taça, quando os jogadores do Milan aplaudiram e cumprimentaram os jogadores do Liverpool. Já falei algumas vezes de desportivismo... Isto sim é desportivismo!