sábado, setembro 20, 2008

2 - 1

Cada jogo com a sua história. Nenhum jogo será igual ao anterior ou ao seguinte. Quando as duas equipas encaixam com sistemas iguais é importante perceber como a equipa adversária joga. Se a equipa não é muito agressiva no momento de transição ataque-defesa é importante valorizar a posse e circulação de bola, valorizando sempre o descongestionamento de jogo, retirando a bola da zona de pressão. Jogando em 1-4-3-3, o posicionamento do trio do meio-campo é essencial, assim como é importante a acção do lateral do lado contrário à bola e o posicionamento do ala e do avançado, também do lado contrário à bola. Mas por vezes, o erro da equipa adversária pode ser grosseiro e tem que ser aproveitado. É importante que a equipa esteja coesa em termos colectivos. Se não há um pensamento comum a equipa rompe. Por exemplo, se uma equipa que também joga em 1-4-3-3, marca os alas contrários HxH, a equipa adversária pode aproveitar isso. Como? Os alas devem reconhecer a importância de abrir nas linhas criando espaço intra-linhas (central-lateral). Caso os jogadores reconheçam a importância de jogar a bola no espaço no “aqui e agora”, as situações de perigo criar-se-ão. Por outro lado, se os alas não reconhecerem isso não irão aproveitar o lado estratégico do jogo. Quanto mais vezes se aproveitar as debilidades da equipa adversária, mais situações de perigo se poderão criar. Mas aqui não é um exercício só dos alas. Se os centrais ou laterais tiverem a bola têm que e virem que os alas estão abertos têm que reconhecer que devem jogar a bola no espaço. Contudo, o médio interior deve também reconhecer que tem que entrar no espaço para aproveitá-lo. O jogo é portanto complexo e exige pensamento colectivo. Os treinadores bem podem falar, gesticular... mas se os jogadores não reconhecerem essa importância, não o irão fazer. O jogador tem a palavra no campo. No entanto, é importante que não se dê pouca importância ao treinador, porque este pode fazer com que os jogadores reconheçam o que devem fazer e quando o devem fazer. Mas nunca no “aqui e agora”. Tudo requer treino.
Dominar o jogo é essencial, mas é importante não se perder de vista aquela identidade que se pretende implementar. Se nem sempre as coisas saem como se pretende é importante tirar notas que nos recordem dos aspectos que têm que ser melhorados.
Um momento importante nos jogos de iniciados são os lançamentos de linha lateral. Nunca se pode baixar a guarda e a concentração tem que ser permanente (a concentração treina-se!). A pressa é inimiga da perfeição e quando se ganha há que ter paciência, aproveitando as pausas para pensar na melhor solução (que pode ser jogar rápido, se o colega estiver sozinho ou lento, se a equipa adversária estiver organizada)
É natural que nem sempre as coisas saiam, contudo, quando o tempo de treino é curto não há tempo para treinar tudo. E se o tempo é curto, torna-se cada vez mais importante treinar a forma como se pretende jogar. Os problemas irão surgindo com a competição e nos próprios treinos. O que é importante é aproveitar esses momentos para melhorar esses mesmos aspectos, em treino e em competição.
O mais importante é sempre a superação. Estar a perder e virar o jogo é sempre benéfico para a confiança de uma equipa. Se for uma auto-hetero-superação, tanto melhor. A reacção aos momentos de adversidade deverá acontecer em conjunto e nunca num caso isolado. É bastante importante que um jogador não procure “resolver” sozinho. É importante que os jogadores que têm tendência para resolver sozinhos, reconheçam quando devem fazer o passe, nunca privando a liberdade do jogador. Contudo, é importante que não se esqueça que “o jogador deve ser livre de agir, mas não deve agir livremente”. Fintar faz parte do jogo, mas não pode comprometer a organização colectiva. É importante então perceber quando se pode fintar e quando o passe é benéfico, porque ao fim ao cabo, a bola corre mais que o jogador.
É verdade que o importante é impor sempre uma determinada forma de jogar com identidade, contudo, o jogo é imprevisível e dum erro de um jogador pode nascer um golo. Depois é preciso reagir a esse golo, sem perder de vista os princípios de jogo.

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