terça-feira, junho 10, 2008

Relexão: parte 2

Apesar do treino de Sábado ter sido bem conseguido e dos nossos jogadores revelarem que já evoluíram bastante, o Torneio não correu bem. Há que realçar que o treino correu bem com esses 6 que estiveram presentes (André, Santiago, Rodri, Fábio, Gonçalo e Edu). Foi por esse motivo que decidi apostar no Fábio em detrimento do Tiago que treina uma vez por semana. Relativamente ao Bernardo, já tínha decidido que ía ser o Edu que iría começar de início. Por duas razões:
1ª - para lhe mostrar que confio nele e para que, dessa forma, ele seja capaz de jogar tal como treina;
2ª - devido ao problema que o Bernardo tem no calcanhar (Doença de Sever) e que o tem condicionado.
O Bernardo é o melhor avançado que temos, contudo, na formação há que não pensar no imediato. Eu acredito nisso e o facto de o deixar de fora, fez com que baixasse um pouco as expectativas para o torneio. Isso não aconteceu só por causa do Bernardo estar condicionado, mas também porque sabía que as interacções entre eles poderíam não ser as desejadas, porque treinaram muito pouco juntos. Apesar de já se conhecerem têm treinado separados e isso condicionou-nos fortemente.
Até Sábado, a equipa que tínha definido era a seguinte: David, Santiago, Noronha, Tiago, Fábio, Gonçalo e Edu. Basicamente a equipa que ganhou os outros dois torneios anteriores (Hummer e Hernani Cup), com a alteração do Bernardo. Contudo, Tínha a dúvida relativamente ao Tiago e essa dúvida transformou-se em certeza no Sábado, porque o Tiago não foi treinar. Optei então por colocar o Fábio de início a médio-centro, já que é lá que ele tem treinado. Recordo que ele começou a gostar de jogar nessa posição devido ao meinho de 4+apoio x 2. O gostar foi fundamental para o êxito do Fábio, porque a metáfora desse meinho serviu muitas vezes para que ele compreendesse que tínha que "distribuir", como ele próprio diz muitas vezes e voltou a fazê-lo no torneio da Vila das Aves.
Anunciei então a equipa (David, Santiago, Rodri, Fábio, Gonçalo, Staff e Edu) depois da conversa que tive com eles no balneário. Nessa minha intervenção, foquei os apectos que considerei fundamentais. No futebol, o momento é bastante importante. Quando cheguei ao estádio, tentei que nada me escapasse. Reparei no envolvimento e vi toda aquela miscelânia de cores. Toda aquela diversidade, todo aquele movimento há-de afectar o estado de espírito dos miúdos. De certeza que mexe com eles de alguma forma e de certeza que uns reagirão melhor que outros. Esse foi um dos aspectos que referi. Os outros aspectos foram os seguintes:
Nem todos poderíam jogar o mesmo porque o torneio era classificativo (alterei essa filosofia no decorrer do primeiro jogo, uma vez que já não teríamos hipóteses de disputar o primeiro lugar);
Quem não jogasse tería que estar a torcer pelos colegas e não a procurar defeitos nos seus desempenhos, porque falar quando se está de fora é bem mais fácil do que fazer as coisas dentro de campo;
A importância de respeitarmos os nossos princípios, a nossa forma de jogar e de não imitarmos os adversários (um aspecto que condicionou a nossa forma de jogar, nomeadamente as reposições de bola dos guarda-redes foi o facto da do guarda-redes ser delimitada por uma linha transversal às duas linhas laterais, o que fazía com que fosse muito fácil à equipa adversária pressionar nas reposições de bola e a única solução para o guarda-redes era chutar para a frente, procurando um colega nas alas... mas os pontapés aconteceram mais para o centro do campo, porque em situações de maior pressão o guarda-redes não tínha descernimento para optar por uma solução melhor. Não está habituado a tal).
Falei da sub-dinâmica entre médio-centro e defesas (quando um defesa sobe para atacar, o médio-centro deve ficar mais recuado).
Reforcei a importância de jogarmos abertos (aludindo à importância que os alas têm nesta sub-dinâmica da equipa) quando temos a posse da bola para que tivessemos mais espaço para jogar e que deveríamos jogar mais perto uns dos outros quando os adversários não tivessem a bola;
Reforcei ainda a importância de termos que guardar a bola para nós, jogando de pé para pé. Nesse sentido, mostrei um vídeo curto de um jogo entre Barcelona e Liverpool em que o Barcelona trocou a bola durante dois minutos sem que o Liverpool tocasse na bola. Fui tocando em aspectos que estão bem patentes no vídeo como o facto de termos que "virar o jogo quando há muita confuão" (retirar a bola da zona de pressão) e de que o guarda-redes também é um elemento importante quando pretendemos que isso aconteça e não há colegas para jogar à frente (linhas de passe).
Por último, alertei para o facto dos avançados terem que estar do lado da bola, apoiando o colega que tem a posse da mesma, dizendo que os deslocamentos deveríam ser transversais ou longitudinais no sentido da baliza adversária (claro que com uma linguagem adaptada aos miúdos).
Depois dessa pequena intervenção as minhas expectativas elevaram-se um pouco, porque senti-os confiantes para o primeiro jogo. Começámos a ganhar 1-0, mas não fiquei eufórico, uma vez que o golo resultou de uma jogada individual do Noronha. Estava mais preocupado em interagir com o Fábio dizendo que ele tería que ficar mais recuado quando um dos defesas subisse para atacar, mantendo-nos assim em segurança, até porque o Moreirense jogava com dois avançados. O Fábio esteve bem quando o Noronha subía, contudo, as situações de igualdade numérica foram muitas, porque o Noronha procurou muito as jogadas individuais e na maior parte das vezes perdeu a bola no meio-campo ofensivo. Os alas não recuperavam a tempo, o que nos deixava muitas vezes num 2x2 ou até num 3x2, que era mais perigoso. No entanto, considero que os maiores problemas acontecíam quando o Noronha não subía, ou seja, quando perdíamos a bola no meio-campo ofensivo e o Fábio não era capaz de recuperar a posição. Insisti bastante com ele nesse aspecto e ele foi melhorando isso ao longo dos jogos.
O facto de estarmos a jogar contra uma equipa de competição aumentava a necessidade de nos superarmos como equipa, mas isso não aconteceu. Quer o Gonçalo quer o Noronha estiveram bastante individualistas no primeiro jogo e isso custou caro. É certo que os primeiros dois golos do Moreirense foram algo esquisitos, contudo depois disso ainda sería possível virar o jogo. Contudo não foi isso que aconteceu. Os erros foram-se sucedendo e isso afectou o colectivo. É importante realçar que a sub-dinâmica dos defesas esteve deficiente e isso ficou evidente nos últimos golos que sofremos. O facto de terem treinado pouco juntos, com todos os colegas, contribuiu bastante para isso, do meu ponto de vista.
No fim do jogo, foquei estes aspectos e disse que a partir daquela altura teríamos que fazer o melhor possível. Reforcei o facto de já não dependermos de nós, mas de ser importante tentarmos jogar em equipa, porque só assim as coisas poderíam correr melhor.
O Noronha chorava, o que achei perfeitamente natural. Para além de ter perdido e de ter tentado resolver as coisas sozinho (ou seja, não da melhor maneira...!), tínha sofrido algumas entradas duras.

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