terça-feira, junho 10, 2008

Reflexão: parte 3

Depois dessa pequena intervenção as minhas expectativas elevaram-se um pouco, porque senti-os confiantes para o primeiro jogo. Começámos a ganhar 1-0, mas não fiquei eufórico, uma vez que o golo resultou de uma jogada individual do Noronha. Estava mais preocupado em interagir com o Fábio dizendo que ele tería que ficar mais recuado quando um dos defesas subisse para atacar, mantendo-nos assim em segurança, até porque o Moreirense jogava com dois avançados. O Fábio esteve bem quando o Noronha subía, contudo, as situações de igualdade numérica foram muitas, porque o Noronha procurou muito as jogadas individuais e na maior parte das vezes perdeu a bola no meio-campo ofensivo. Os alas não recuperavam a tempo, o que nos deixava muitas vezes num 2x2 ou até num 3x2, que era mais perigoso. No entanto, considero que os maiores problemas acontecíam quando o Noronha não subía, ou seja, quando perdíamos a bola no meio-campo ofensivo e o Fábio não era capaz de recuperar a posição. Insisti bastante com ele nesse aspecto e ele foi melhorando isso ao longo dos jogos.
O facto de estarmos a jogar contra uma equipa de competição aumentava a necessidade de nos superarmos como equipa, mas isso não aconteceu. Quer o Gonçalo quer o Noronha estiveram bastante individualistas no primeiro jogo e isso custou caro. É certo que os primeiros dois golos do Moreirense foram algo esquisitos, contudo depois disso ainda sería possível virar o jogo. Contudo não foi isso que aconteceu. Os erros foram-se sucedendo e isso afectou o colectivo. É importante realçar que a sub-dinâmica dos defesas esteve deficiente e isso ficou evidente nos últimos golos que sofremos. O facto de terem treinado pouco juntos, com todos os colegas, contribuiu bastante para isso, do meu ponto de vista.
No fim do jogo, foquei estes aspectos e disse que a partir daquela altura teríamos que fazer o melhor possível. Reforcei o facto de já não dependermos de nós, mas de ser importante tentarmos jogar em equipa, porque só assim as coisas poderíam correr melhor.
O Noronha chorava, o que achei perfeitamente natural. Para além de ter perdido e de ter tentado resolver as coisas sozinho (ou seja, não da melhor maneira...!), tínha sofrido algumas entradas duras.
No jogo seguinte o marcador sofreu algumas oscilações, começámos a perder (1-0), depois estivemos a ganhar (2-1) e depois voltámos a cometer erros e perdemos 5-3. Foi na segunda parte desse jogo que decidi que iría dar mais tempo de jogo aos que tínham jogado menos. O Vizela também jogava com dois avançados e o facto de nos pressionarem levou a que acontecesse o mesmo que aconteceu no primeiro jogo. Embora o David já jogasse mais a bola para as alas, os jogadores da equipa adversária tínham mais atitude e ganhavam as disputas de bola. De facto, é mesmo urgente que haja competição no escalão de escolas, mas em futebol de sete!
O Vizela também era de competição, assim como o nosso adversário seguinte, o Boavista contra quem perdemos 3-0 (três golos sofridos pelo André que não tínha qualquer hipótese de defesa em nenhum deles... mas eu não o retirei do campo, deixando-o o jogar o jogo todo como prémio pela excelente primeira parte que fez.).
Nestes três jogos uma coisa ficou bastante clara: as equipas de competição que jogaram contra nós tiveram mais atitude. O Boavista e o Moreirense não jogavam melhor que nós, mas corríam mais e chegavam mais rápido à nossa baliza e isso no imediato é benéfico para ganhar jogos. Gostava de fazer aqui uma referência à equipa do FC Porto contra quem jogámos a seguir. Eram todos pequenos, mas percebi claramente que sabem jogar e a grande maioria dos miúdos deve ser de 1998. Jogavam muito à base do engano sem nunca esquecer o colectivo. Apresentavam sim défices de circunstância em relação a nós e às outras equipas contra quem jogaram. Mas pensar no imediato não é o mais correcto quando se trata de formação. O pensamento deve ser a longo prazo e nas equipas com condições para tal deve pensar-se em formar para ganhar.
Os jogos contra FC Porto e Pinheirinhos de Ringe foram os mais fáceis e ganhámos com alguma naturalidade. O plano do detalhe esteve mais evidente nestes jogos, mas reforcei a importância de privilegiarmos o colectivo, retirando quem estava a abusar em iniciativas individuais descontextualizadas. Incentivei sempre os pormenores técnicos, porque considero importante reforçá-los no momento. Mas o importante é que esses pormenores não se tornem descontextualizados relativamente aos princípios da equipa.
Uma coisa ficou evidente: nos momentos de maior pressão, contra equipas de competição, sentimos grandes dificuldades e o facto de ter mudado a filosofia que trazia para o primeiro jogo foi um aspecto fundamental para que não ganhassemos, por exemplo ao Boavista. Fizemos uma primeira parte muito boa, porque jogámos como equipa, procurando as soluções para os problemas do jogo em conjunto e não de forma isolada. Dado que a pressão surge com a competição considero fundamental que se fomente a competição nos treinos, uma vez que neste momento não há competição para o escalão de escolas. Até que ponto não sería benéfica uma competição mais informal?

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